quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO, OS MESMOS PROBLEMAS.

A cidade de Cascudo amanhece sorrindo, o Sol aparece para a sua noiva e diz “Como estás bela!”,os surfistas se confundem com as ondas em Ponta Negra, a feirinha de artesanato mais parece o encontro de ingleses para o chá das cinco, o cheiro do escondidinho de macaxeira alucina quem passa nos restaurantes da orla, mas de repente tudo muda, o tempo faz um giro de 360º e decide fechar, os surfistas voltam para casa, os ingleses para os seus hotéis, o Sol não dá satisfação a sua noiva e some. Natal está alagada, a chuva toma conta de casas, ruas, pessoas, e um grave problema continua, a falta de drenagem para comportar o grande volume de água que cai no solo, as dunas sumiram, o homem construiu prédios, comércio, casas, e o meio ambiente que se dane.

São Paulo? Não, é Natal mesmo, os engarrafamentos se tornaram parte do cotidiano das pessoas, a cidade tem no mínimo um carro para cada 4 habitantes, e o transporte público que era para desafogar esse fluxo, não funciona. São horas esperando o ônibus, compromissos devem ser marcados com uma hora antes, não se sabe se iremos chegar, e o problema continua, a voz do povo nem sempre é a de Deus, e as audiências públicas surgem como um ânimo para que tudo seja resolvido, engano, é só uma forma de desviar a atenção de um problema para um outro sem grande importância.


“Fiu Fiu”, assobia um rapaz de 25 anos em sua Hilux prata às 23hs na Av.Roberto Freire, e a moça se aproxima de seu carro, conversa, dá seu preço, preço? O que ela vende? O corpo, a prostituição acontece desde as primeiras horas do dia e não tem hora para acabar, são jovens, moças e rapazes que vêem nessa profissão a única forma de garantir o sustento de sua família, decorrência da falta de emprego, que cada vez fica mais difícil, com a busca de experiência pelas empresas. E a moça entra no carro do jovem rapaz e faz o seu serviço completo, com direito a cartão de contatos, claro, ela não quer perder mais um cliente.
“Passa o celular agora e não grita!”, foi assim que eu fui abordado por 3 rapazes em um ônibus que seguia para a universidade, os jovens fizeram um “rapa” geral, e levaram mais de 15 celulares, todo o dinheiro do cofre do ônibus, e o pior, levaram a esperança de duas crianças que sonhavam em viver em um país, cidade, mais justa, sem violência. Pra mim nada foi mais traumatizante do que ver nos olhos daquelas crianças o desespero, pensar que seriam mortas devido os assaltantes mirarem armas de fogo em direção a nós, as mães nada puderam fazer, e o grito desolado e inocente delas nos fazia sentir ódio, vontade de tentar reverter aquela situação. Mas é Brasil, enquanto estamos naquela mesma praça, no mesmo banco, e pensamos que os problemas não existem porque não acontecem conosco, eles continuam, e são os mesmos problemas, alguns surgem em decorrência de outro, e assim por diante. O que podemos fazer? Mudar, com a nossa voz, voto, atitude, coragem, tudo pode mudar, vai ser difícil, mas nada é impossível.
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